Sou diretor escolar na Renovação Kids e ministro aulas de "Empreendedorismo" para as séries finais do ensino fundamental no Ensino Renovação. Frequentemente, ao abordar a importância de ensinar empreendedorismo desde a educação infantil, enfrento certos questionamentos. Alguns perguntam se estamos sugerindo que o único caminho para o sucesso é abrir a própria empresa, enquanto outros questionam a exclusividade do empreendedorismo sobre outras carreiras. Aqui reside um grande mal-entendido sobre o que realmente significa ser um empreendedor. ‘Empreendedor’ não tem o mesmo significado que ‘Empresário’.
Segundo a Oxford Languages, "empreendedorismo" é definido como a “disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços, negócios. Ou a
inciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresas já existentes, ger. com alterações que envolvem inovação e riscos.” Portanto, discutimos aqui uma mentalidade, um comportamento, mais do que uma simples profissão. É sobre como você encara sua vida profissional e pessoal e cada desafio que enfrenta. Podemos empreender em qualquer ambiente que estivermos. Desenvolver uma mentalidade empreendedora significa transformar problemas em oportunidades e assumir riscos calculados para alcançar novas perspectivas.
E então, você gostaria de ter desenvolvido essa mentalidade desde cedo? Melhor ainda, gostaria que seus filhos aprendessem, ao longo da infância e adolescência, a enfrentar desafios com uma visão focada na solução de problemas e inovação? Por isso, valorizamos tanto o ensino desse comportamento desde a infância.
Como ensinamos isso? A mentalidade empreendedora não é algo que se ensina de um dia para o outro, em uma palestra ou em uma única aula de cinquenta minutos. É um processo contínuo que combina teoria e prática, reiterando os conceitos importantes de forma adaptada a cada faixa etária. Para os estudantes das séries finais, inicio fomentando o autoconhecimento, a identidade e a busca pelo propósito. Antes de mais nada, é essencial entender-se e permitir que os outros o conheçam. Em um time saudável, os líderes conhecem seus membros e sabem delegar tarefas que maximizam os resultados, mas só conseguem isso se tiverem a oportunidade de conhecer cada um em sua individualidade, depois de eles mesmos terem buscado o autoconhecimento e apresentado seus softskills ao time.
Além disso, é crucial introduzir os princípios básicos do desenvolvimento de uma mente empreendedora antes da parte prática… e falando em parte prática, é importantíssimo que projetos e dinâmicas sejam utilizadas para o reforço do conhecimento, mas sempre trazendo o porquê de cada parte prática (infelizmente vejo por aí muitas “aulas de empreendedorismo e projetos de vida” no qual o professor apenas trás dinâmicas sem contextos não se preocupando se aquilo de fato irá impactar o destino daqueles estudantes). É essencial desenvolver habilidades como oratória eficaz e entender o que constitui uma liderança saudável. Questões como maturidade emocional e financeira também são fundamentais e formam a base para o sucesso profissional dos estudantes.
Ao observar crianças de a partir de 1 ano participando de feiras de empreendedorismo com produtos que elas mesmas criaram, ou então presenciar estudantes de 14 anos gerando juntos seu próprio dinheiro para pagar os gastos da sua viagem de formatura, percebo o valor real dessa abordagem. Essa vivência prática, desde cedo, prepara os jovens para um mercado de trabalho em constante evolução e ensina sobre investimentos, percepção de valor, branding e outras metodologias essenciais que raramente são discutidas abertamente na realidade educacional brasileira. É por isso que acredito firmemente na necessidade de integrar o ensino de empreendedorismo na educação básica, transformando não apenas indivíduos, mas também nossa sociedade.
Robert Strauss Andrade
Diretor Escolar e Professor de Empreendedorismo.
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